“Arara” é uma antiga gíria do sul do estado do Rio
de Janeiro usada para designar a figura dos andarilhos, como nos conta Cáscia
Frade no seu Guia do Folclore Fluminense (1985). E é esta figura do andarilho
que está representada na dança do Arara, uma das miudezas da ciranda sul
fluminense. Dança de pares soltos que se organizam em círculo ficando um
folião caracterizado de arara ao
centro. Este traz um chapéu que, em momento oportuno, coloca na cabeça de algum dançarino da roda e troca de lugar com ele. O arara, além do chapéu, por
vezes carrega também, como parte de sua caracterização de andarilho, uma
bengala e um saco de aniagem nas mãos.
Benedito Crespim do Rosário, cantador e pandeirista
conhecido como Côco, nos trouxe uma versão do Arara que animava bailes de
ciranda na Ilha Grande em tempos passados (entrevista feita em 14 de outubro de
2015). Versão que está aqui transcrita em partitura e disponibilizada on-line em
https://www.youtube.com/watch?v=TzcIU0jQksg.
A cantiga tem duas variantes melódicas com
versos que podem ser recriados ou improvisados pelo cantador e um refrão que se
mantém constante e sempre se repete entre as estrofes. Esta versão é bem
distinta de outras versões do Arara ouvidas no sul fluminense, como, por
exemplo, a publicada no livro Cantos do Folclore Fluminense, de Cáscia Frade (1986),
ou a executada no CD Ciranda de Paraty, dos Coroas Cirandeiras, o que reforça a
originalidade do cancioneiro de cirandas da Ilha Grande.
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