domingo, 29 de novembro de 2015

Cirandas da Ilha Grande: o Caranguejo


Publicado no jornal O Eco (Angra dos Reis, Ilha Grande), dezembro de 2015

Os bailes de ciranda eram manifestações tradicionais comuns, em um passado recente, por todo o sul do Estado do Rio de Janeiro. Dentre as cantigas de ciranda cantadas na Ilha Grande, o Caranguejo é uma das mais amplamente conhecidas. Como é característico das canções folclóricas, que não possuem autor conhecido e cada um que as canta lhes acrescenta ou tira algo, o Caranguejo possui melodias e versos variáveis, que mudam com o tempo e com a região. Dulce Martins Lamas, que publicou um artigo intitulado Folclore musical de Paraty, na Revista Brasileira do Folclore, em 1962, transcreve uma versão do Caranguejo e fala da antiguidade desta dança, mencionando que ela talvez seja uma reminiscência daquela apreciada pelo cronista francês Freycinet, ainda no início do século XIX.
Em outubro de 2015, gravei de Arlete Maria Oliveira de Castro uma variante do Caranguejo que se cantava nos antigos bailes de ciranda na Ilha Grande, onde dona Arlete nasceu e mora até hoje (disponível on-line no link:https://www.youtube.com/watch?v=bfUO4CPdqdc):

Encontrei com o caranguejo / No meio da praia chorando / Por causa de uma conchinha / Que a maré ia levando / Olha o pé, o pé, o pé / Olha a mão que eu quero ver / Sapateia minha gente até o dia amanhecer.





A letra e a melodia desta versão do Caranguejo são bem distintas das publicadas por Dulce Lamas, assim como aquelas publicadas por Cáscia Frade, no livro Cantos do Folclore Fluminense, de 1984, e Thereza Regina de Camargo Maia, em seu livro Paraty: Religião e Folclore, de 1976. Isto sugere que esta variante seja mesmo peculiar da Ilha Grande, embora a cantiga seja tradicional e bastante difundida.

    



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